Empreender na área de saúde exige muito mais do que atender pacientes. Consultórios e clínicas precisam pagar impostos, registrar receitas e despesas e acompanhar uma legislação em constante mudança. Uma contabilidade bem feita dá segurança: evita multas, ajuda a escolher o regime tributário mais vantajoso e permite que você tenha um controle real do dinheiro que entra e sai. Além disso, ela libera tempo para focar no atendimento e no crescimento do negócio.
Pense na contabilidade médica como uma versão sob medida da contabilidade tradicional. Ela foi criada para cuidar das necessidades de médicos, dentistas, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde. Um escritório especializado calcula impostos, emite relatórios e garante que o negócio esteja em conformidade com a lei. A principal vantagem é ajudar a pagar apenas o imposto devido, evitando cobranças excessivas.
Quem atua na área de saúde pode escolher entre:
Ser contratado pelo regime CLT, com carteira assinada. Neste caso você tem direitos trabalhistas, mas paga Imposto de Renda na fonte.
Trabalhar como autônomo, prestando serviço a várias clínicas. Nesse modelo, a clínica retém impostos como ISS, INSS e IR.
Abrir uma empresa (PJ) e emitir notas para os clientes. Esse caminho geralmente permite pagar menos impostos, desde que você escolha o regime tributário certo.
A forma jurídica e o regime tributário determinam quanto você vai pagar de imposto. Os modelos mais comuns para empresas médicas são:
Sociedade limitada unipessoal (LTDA Unipessoal) – ideal para quem atua sozinho, pois permite abrir uma empresa com apenas um sócio, separando o patrimônio pessoal do empresarial. Pode optar pelo Simples Nacional (regime com imposto unificado), pelo Lucro Presumido ou pelo Lucro Real.
EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) – opção que também separa o patrimônio pessoal do empresarial; permite Lucro Presumido ou Lucro Real, mas não aceita Simples Nacional. [Observação: EIRELI foi extinta para novas aberturas e substituída pela LTDA Unipessoal, mas muitas ainda estão ativas].
Sociedade limitada (LTDA) – ideal para clínicas com dois ou mais sócios. Pode escolher entre Lucro Presumido e Lucro Real.
Simples Nacional: indicado para clínicas menores, com faturamento anual até R$ 4,8 milhões. A alíquota inicial é baixa, em torno de 6%, e o pagamento de impostos é unificado.
Lucro Presumido: usado por clínicas de médio porte. O governo presume que 32% da receita é lucro e calcula os tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS) sobre esse valor.
Lucro Real: obrigatório para empresas maiores. Os impostos incidem sobre o lucro efetivo, exigindo contabilidade mais detalhada.
Se você optou pelo Simples Nacional, o Fator R é o número que define se a empresa será tributada no Anexo III (alíquotas menores) ou no Anexo V (alíquotas maiores). É muito simples calcular:
Fator R = Folha de salários dos últimos 12 meses ÷ Receita bruta dos últimos 12 meses
Por isso, muitos empresários aumentam o pró-labore e a folha de pagamento (legalmente) para atingir o fator de 28% e reduzir os impostos.
Atividades regulamentadas como medicina, odontologia e psicologia não podem ser enquadradas como Microempreendedor Individual (MEI). Além disso, o limite de faturamento anual do MEI (R$ 81 mil) é baixo para a maioria dos consultórios.
A DMED é uma declaração anual que todas as empresas de saúde com CNPJ precisam enviar à Receita Federal. Ela relaciona os serviços prestados e os valores recebidos. O objetivo é cruzar as informações com o que os pacientes declaram, garantindo transparência. Quem atende sem emitir nota não entrega a DMED, mas se você tem CNPJ ou emite nota, deve apresentá-la até o último dia útil de fevereiro do ano seguinte. É necessário um certificado digital e, caso haja algum erro, é possível enviar uma declaração retificadora.
Para quem trabalha de forma autônoma ou tem consultório pequeno, manter um livro-caixa é fundamental. Nele você registra todas as entradas e saídas de dinheiro. Isso facilita o cálculo de impostos e evita divergências no Imposto de Renda. Só é possível deduzir despesas (por exemplo, compra de materiais ou participação em congressos) se estiverem devidamente registradas.
Quem atende pacientes de planos de saúde já ouviu falar no Padrão TISS, um modelo eletrônico obrigatório para a troca de informações entre operadoras, prestadores e a ANS. Desde 2012, o padrão TISS deve ser usado para enviar guias, autorizações e demonstrativos de pagamento. O objetivo é uniformizar o faturamento e reduzir problemas de glosa.
Mesmo que você tenha uma pequena clínica, algumas normas contábeis internacionais hoje fazem parte da realidade brasileira. Elas servem para deixar as demonstrações financeiras mais claras e comparáveis.
IFRS 16 (CPC 06 R2) – Arrendamentos: desde 2019, o aluguel de equipamentos médicos e imóveis deve aparecer no balanço como ativo (direito de uso) e passivo (obrigação de pagamento). Essa transparência ajuda a enxergar o impacto real dos arrendamentos, mas exige controle maior de contratos.
IFRS 15 (CPC 47) – Receita de contratos com clientes: entrou em vigor em 2018 e define que a receita deve ser reconhecida quando o serviço é realizado e entregue ao paciente. A norma pede mais detalhes sobre valores e prazos, portanto muitas clínicas precisaram ajustar seus sistemas de faturamento. O CPC 47 é a versão nacional dessa norma.
Se você está começando agora, o ideal é consultar um contador para saber como essas regras impactam o seu negócio. Para quem já opera, a adoção dessas normas pode exigir ajustes nos contratos e nos sistemas de contabilidade.
Um negócio de saúde sólido combina atendimento de qualidade e boa gestão financeira. Algumas recomendações práticas:
Investir em contabilidade médica de qualidade é uma decisão estratégica para qualquer empresário da área de saúde. Ela ajuda a pagar os impostos corretos, mantém as obrigações em dia, organiza o fluxo de caixa e dá base para tomar decisões com segurança.
Uma contabilidade especializada trabalha para que seu consultório esteja sempre em conformidade com a legislação e, ao mesmo tempo, aproveite as melhores oportunidades de economia fiscal. Com o apoio de especialistas e ferramentas adequadas, você pode focar no que realmente importa: oferecer um atendimento de excelência aos pacientes enquanto o lado financeiro permanece saudável.
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